quinta-feira, 3 de maio de 2012

O AMBIENTE ESCOLAR CONTRIBUI OU NÃO PARA A PROPAGAÇÃO DO BULLYING?


O termo bullying em inglês significa intimidação. Não é de hoje que essa prática existe. Porém, recentemente, todos estão mais preocupados com o que esse fenômeno pode causar, tanto para os agressores como para as vítimas.
Os pais confiam aos que tomam a dianteira na escola a segurança dos seus filhos. No entanto, ficam meio receosos, visto que lá eles não estão debaixo de seus olhares.
É na escola que a maioria das práticas de bullying acontece. O que geralmente passa pela mente quando se pensa em bullying é um agressor – ou um grupo – intimidando um colega de escola. Pesquisas realizadas no Centro de Ensino Governador Archer, localizado na cidade de Imperatriz, Maranhão, demonstram que de 200 alunos entrevistados, 118 já se encontraram na posição de agressores e 132 já foram vítimas. Destes últimos, 111 foram intimidados na própria escola.
Lucilene Regina Paulina Tognetta, do Departamento de Psicologia Educacional da Faculdade de Educação (FE) da Unicamp, demonstra, através de pesquisas, que 30% dos alunos já sofreram ou sofrem bullying. Relata ainda que “a escola se fecha para problemas afetivos que envolvem relações interpessoais dos alunos, porque está preocupada com os conteúdos acadêmicos e não leva em consideração o que mais prejudica e até intensifica os problemas de aprendizado.”
Acredito que esta realidade escolar é apenas um reflexo ou ausência da educação que tais alunos tiveram em casa. O motivo de a escola estar no centro das intimidações se dá porque é nesse ambiente que os alunos passam mais tempo juntos e longe da orientação ou proteção dos pais.
Ainda dentro da mesma pesquisa realizada na Unicamp, dados revelam que professores destinam 40% a 50% do seu tempo de aula no encaminhamento de problemas de disciplina ou conflitos de violência ligados à escola.
Para mudar essa situação, é necessário começar pela família. Os pais precisam conhecer e conversar com os filhos, eliminando por meio dos laços familiares quaisquer traços ruins que eles possam apresentar, ensinando-os a viver em comunidade.
Entretanto, penso que a escola também tem um papel importante. Ela não deve objetivar apenas os conteúdos, mas criar e implantar projetos que trabalhem a questão das diferenças e a valorização do outro, sem fechar os olhos para as causas e as consequências dessa prática.



Centro de Ensino Governador Archer
Aluna: Adriana Palhares de Oliveira
Orientadora: Ízea folha Damasceno Santos

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

ENTREVISTA SOBRE A INCIDÊNCIA DE CASOS DE BULLYING NA ESCOLA - TABULAÇÃO DOS DADOS





Os alunos do 2º ano do Ensino Médio, do Centro de ensino Governador Archer, estiveram reunidos na própria escola, nos turnos vespertino e matutino, para entrevistar 200 alunos. Após essa etapa, foram distribuídas as folhas para que se fizesse a tabulação dos dados. Os alunos afirmaram que essa atividade estava trazendo muito prazer, pois era algo interessante e que eles nunca haviam realizado.


terça-feira, 9 de agosto de 2011


2º ano A - GOVERNADOR ARCHER


Análise de um artigo de opinião: "Sou contra a redução da maioridade penal"

Observar os dois lados da questão polêmica




segunda-feira, 18 de julho de 2011

ESCREVER


(Texto de Leriana Girlen, aluna da 2ª Série do Ensino Médio, do CE Governador Archer)

Escrever sempre foi uma forma de escapar pra mim. Sempre senti a necessidade quase visceral de pôr pra fora o que eu sinto. Só que não sabia canalizar isso na minha vida. Geralmente escrevia quando estava triste pra desabafar...
E isso sempre me fez bem, sempre me aliviou por dentro. Porém, agora aprendo a escrever em todos os momentos. Minha voz na maioria das vezes é o papel e a caneta.
Só que em alguns casos, nem tudo o que possa escrever revela com precisão o que eu sinto, mas de uma certa forma, tento assimilar isso!
Escrevo o que sinto, o que muitas vezes penso, e o que transmito. Escrever é uma forma de me deixar aliviada e realizada! Uma forma de desabafar pra mim mesma aquilo que se aprisiona em meu peito.
Muitas vezes Sorrio, faço com que pensem que tá tudo bem, sendo que não está!
Por fora uma imagem perfeita, um sorriso maravilhado e, por dentro, um peito despedaçado, uma alma em prantos, pensamentos perdidos, e tantas incertezas!
Existem momentos e pessoas que fazem com que isso mude, mas só por alguns instantes, mas só por alguns momentos. Isso é questão de tempo!
Às vezes estou triste, porém sou feliz, mas existem momentos que não entendo, que me sinto amargurada, sozinha, largada... Esses momentos, sim: me PERTURBAM muito, me deixam cada vez mais em dúvida. Esses momentos, às vezes me perseguem!
Eu tento ignorar e tento me renovar a cada dia!
Vivendo em alegria, que talvez seja uma mera fantasia!
Vivendo de um sorriso, que nem sempre é sincero e sim singelo, que por trás dele, escondem-se muitas incertezas e até mesmo muitas dores e mágoas, lágrimas e história!
Por trás de um sorriso que dá pra enganar, existe uma menina que vive a buscar algo que nem ela mesma sabe.
Só busca o que não encontra, e encontra o que não busca!
Se ofusca...
Sinto vontade de me isolar, de fugir, me esconder, mas o jeito é encarar de peito aberto e de um sorriso transparente, que não diz o que sente!...
Escrever pra mim? É uma forma de escapar do mundo, de tudo e de todos, uma forma de desabafar, sem medo e sem segredo. Por isso que eu escrevo!

sábado, 7 de maio de 2011

EQUIPE PREMIADA

Na primeira foto, a professora Rosana, que muito contribuiu para que chegássemos ao resultado na Olimpíada, com o fruto de um trabalho coletivo: o livro contendo a publicação dos 38 melhores textos do Brasil, juntamente com a aluna premiada. Na segunda foto, a própria aluna, Maria da Conceição, com um dos prêmios da Olimpíada; a professora Ízea, com o diploma de finalista; a nossa diretora pedagógica, com a placa de homenagem à escola. Parabéns à escola!


RELATO DE PRÁTICA DA OLIMPÍADA DE LINGUA PORTUGUESA 2010 - PARTE II - PROFESSORA FINALISTA



Tenho compreendido a importância de se trabalhar sequências didáticas planejadas, com práticas de linguagem bem contextualizadas; e as oficinas da Olimpíada de Língua Portuguesa cumprem bem esse papel. O mais fantástico é que não se trata de um material engessado, mas diz respeito a: “O lugar onde eu vivo”, adequando-se, portanto, à realidade de cada região.

Logo no primeiro bimestre, incluí no meu planejamento uma oficina com base no material da edição anterior. Utilizamos um artigo de Lya Luft, “Os filhos do lixo”, e começamos o diagnóstico sobre o conhecimento dos alunos acerca do gênero estudado. Além de saber informações sobre a autora, foram levantados questionamentos sobre a polêmica inserida no texto, os argumentos, os dois lados da questão, levados a observar se havia solução para o problema e se o aluno reconhecia o porquê daquele texto estar enquadrado como artigo de opinião.

No geral, as respostas foram satisfatórias. Alguns alunos meio receosos, mas com muita vontade de acertar, adentraram o texto e começaram a desvendar o mistério, respondendo às questões propostas. “Professora, é complicado encontrar essas vozes que estão dentro do artigo” – comentou uma aluna, tentando responder, achando que não conseguiria realizar tal façanha. Para mostrar que vale a pena investir tempo em orientação, quero relatar que essa foi uma das alunas que, durante o processo de construção, demonstrou mais interesse e se apropriou de questões fundamentais acerca de um artigo. Eis um fragmento de um de seus textos, que teve como título “A Superlotação da CCPJ em Imperatriz”:

“A central de Custódia de Presos da Justiça(CCPJ), em Imperatriz, encontra-se atualmente superlotada, com uma média de 300 presos, o triplo de sua capacidade. Por esse motivo, foi interditada em maio deste ano pelo Promotor de Justiça, Domingos Eduardo, da 5ª Vara Criminal de Imperatriz, pela segunda vez. O caso chegou a esse ponto pelo fato de que há presos de outras comarcas, de outros estados, que não deveriam estar em nossa cidade.” Nesse fragmento, a aluna demonstra a compreensão dos aspectos que devem fazer parte de uma introdução, mencionando a cidade em que habita e apontando o problema em questão. Por motivo de espaço, não registrarei o restante da produção. O certo é que a aluna que parecia não entender nada sobre este gênero, ganhou autonomia na produção escrita, através da prática nas oficinas.

Já com o material desta edição em mãos, demos início à 2ª oficina do caderno “Pontos de vista”. As coisas foram, aos poucos, se delineando. A proposta tratava da diferença entre notícia e artigo de opinião, quando os alunos foram instigados a produzir argumentos baseados na leitura da notícia: “Menino de 9 anos é internado após agressão em escola”. Foram interrogados se a agressão tinha justificativa, sobre o que teria causado tão alto nível de violência e se havia preconceito por trás da reação. Após esse debate, os alunos foram convidados a argumentar, por escrito, sobre comportamentos preconceituosos. Precisariam, portanto, conhecer mais profundamente os aspectos presentes em um artigo de opinião, como a questão polêmica, os argumentos conflitantes e a posição do autor. Em oficinas posteriores, tiveram a oportunidade de identificar artigos de opinião em revistas renomadas e de identificar as peculiaridades do gênero.

Uma das oficinas trazia a sugestão de temas polêmicos que poderiam ser trabalhados em sala de aula. Alguns deles causaram muita discussão, tais como: “A pena de morte ajuda a diminuir a criminalidade?”, “A sociedade tem o direito de tirar a vida de um criminoso?”. Outros, mais ligados aos próprios alunos, como: “Deve-se proibir o uso do celular em sala de aula?”. Algumas dessas e outras questões foram abordadas, dividindo a turma em grupos e dando um tempo para defenderem seu ponto de vista. Já era possível perceber o avanço argumentativo. Isso me deu ânimo para prosseguir.

Em outro momento, começamos a traçar o rumo para o artigo de opinião definitivo. Orientei que os temas deveriam estar relacionados a uma questão polêmica que tivesse relevância para os habitantes da região. Surgiram muitas propostas, as quais foram debatidas e analisadas, a fim de saber a importância daquele tema, tanto no aspecto local quanto global.

A 13ª oficina foi decisiva para a compreensão das particularidades de um artigo. Primeiramente foi entregue um texto que apresentava alguns problemas estruturais, pois não continha os critérios essenciais ao gênero. Tratava-se do artigo: “O lugar onde eu vivo”. Paralelo a esse texto, foi apresentado um outro, já aperfeiçoado, que se aproximava mais das marcas do artigo desejado. A começar pelo título, o primeiro não despertava curiosidade. Foi a mera transcrição do tema da Olimpíada. O texto aprimorado apresentava o seguinte título: “Os problemas de Samambaia do Leste têm solução?”. Comparando os dois títulos, percebeu-se que o segundo já apontava para o que seria tratado no corpo do texto, sendo, portanto, mais específico. O primeiro não formulou bem a questão polêmica, deixando de apresentar vozes por trás dos argumentos, utilizando uma maneira superficial de analisar os dados, sem deixar claras as possibilidades de conciliação ou encaminhamentos para os problemas apontados.

Os alunos puderam perceber que o segundo texto apresentava fundamentação teórica, dados estatísticos, expressão das partes envolvidas, prós e contras. No fechamento, não havia utopia em afirmar solução definitiva, mas apontava o fato de que boa parte dos problemas poderiam ser resolvidos, se determinadas medidas fossem tomadas.

Parece que estavam aptos a escrever os artigos definitivos. Dentre as muitas polêmicas trabalhadas no decorrer das oficinas, algumas se destacaram: “Zorra eleitoral”, que tinha a ver com os níveis elevados de decibéis advindos das propagandas políticas nos carros de som; “A Inclusão dos ex-presidiários na sociedade imperatrizense”; “A Lei, a educação e a palmada”; “Táxi-lotação: opção ou necessidade?”; “Copa do Mundo com miséria social?”; “Ficha limpa: problema ou solução?”; “Eucalipto: Progresso ou Retrocesso?”

Alguns desses textos poderiam estar classificados entre os melhores. Entretanto, no momento da seleção foram relembrados os critérios avaliativos, os quais já haviam sido mencionados em momentos anteriores. Dos temas-título mencionados acima, apenas o “Zorra eleitoral” teria duplo sentido, não fosse a explicação dada paralelamente. Entretanto, outros títulos nas produções dos alunos eram inconsistentes, como por exemplo: “O trabalho Infantil”. Orientamos, então, que o aluno repensasse seu título, focalizando-o, apontando para um problema mais específico.

Confesso que dos títulos mencionados, o texto: “Copa do Mundo com miséria social?” atendia bem aos aspectos de abordagem do problema na introdução, deixando claro que o ponto de vista da autora dizia respeito à questão de o Brasil sediar uma copa com tantos problemas internos, apontando as vozes de quem era contra e a favor. O critério que não estava sendo muito atendido nesse texto era o regional, pois apesar de se estar no Brasil, havia outros textos em que o aspecto local estava bem mais explicitado. Essa análise coletiva foi muito proveitosa, concedendo aos alunos mais domínio sobre as propriedades de um artigo, gerando um olhar mais crítico, uma visão das partes e do todo, fundamentais à arte de escrever.

Os resultados do processo foram muito positivos. Ao reviver a dinâmica do Jogo das questões polêmicas, fui surpreendida com os argumentos dos alunos. Os comentários não eram mais superficiais, não iniciavam com “eu acho”, buscavam suporte interdisciplinar, fundamentados na voz de autoridades na área, convictos do que estavam afirmando. Esse momento me fez sentir que valeu a pena. Foram passos importantes na construção de comportamentos leitores e escritores. Experiências que ficarão pra sempre em minha memória e a certeza de ter contribuído na formação de leitores mais críticos e autônomos, certos de suas possibilidades investigativas e criativas.

quarta-feira, 16 de março de 2011

RELATO DE PRÁTICA DA OLIMPÍADA 2010 - Parte I


Ízea Folha Damasceno Santos

Imperatriz – Maranhão

Por ter participado da última edição da Olimpíada de Língua Portuguesa e reconhecer a importância do estudo do gênero artigo de opinião na construção de argumentações e de boas produções escritas, antes que o material oficial chegasse, comecei a elaborar situações de aprendizagem, envolvendo a análise de textos contendo questões polêmicas.

Logo que o jogo Q.P Brasil da Olimpíada chegou à escola, fui atraída pela maneira lúdica e criativa de como as questões eram apresentadas. As argumentações dos alunos, requeridas pela proposta, eram, a princípio, tímidas e com pouca fundamentação teórica. Os comentários giravam mais em torno de exemplos vividos por eles. Percebi, então, que teríamos uma longa jornada pela frente. Entretanto, avaliando os resultados positivos nas produções dos alunos, na edição anterior, senti que valeria a pena investir nas oficinas, em tempo de leitura, escrita e reescrita.

Ao analisar com os alunos o jogo das questões polêmicas, pude perceber o deslumbramento diante da proposta. O interessante é que além dos temas controversos, cada caixa de argumentos continha um comentário de autoridade em área específica e isso trazia subsídios aos alunos, que muitas vezes deixavam de escrever por acharem que não sabiam nada sobre o tema. À medida que as cartas do jogo traziam reforço aos comentários pessoais, começaram a perceber que uma boa argumentação só viria a partir do estudo mais apurado sobre o tema. Sentiram, então, necessidade de visitar sites especializados, ler artigos científicos, beber em diversas fontes que pudessem reforçar o conhecimento de mundo que lhes era próprio.

(A imagem acima é demonstrativa da estrutura do Jogo QP Brasil - das questões polêmicas)